Risco de Suicídio – Falar sempre é a melhor escolha!

Suicídio é um comportamento que resulta da interação complexa de diversos fatores: Culturais, psicológicos, biológicos, sociais, ambientais e genéticos, e que de nenhuma forma pode ser considerado como um processo simples, já que mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Sendo assim, precisamos entender que não podemos falar sobre risco de suicídio apenas em tempos de campanha do setembro amarelo, o assunto ainda é considerado tabu na sociedade, o que acaba sendo um problema, já que o suicídio é uma questão de saúde pública. Dessa forma, conhecer e entender os fatores de risco para a ocorrência de suicídios possibilita o planejamento e a realização de ações preventivas.

É fato que a pandemia de COVID-19 mobilizou negativamente a saúde mental de milhares de pessoas, intensificando sentimentos de solidão, medo, raiva e ansiedade, o que consequentemente elevou as tentativas de suicídio. Em decorrência do momento atual e do contexto em que as pessoas estão inseridas é importante que se observe as mudanças de comportamento, já que as mesmas podem ser consideradas sinais de alerta, alguns exemplos são: Isolamento social e afetivo; Exposição a situações de risco; Crises existenciais, Sentimento de desamparo e desesperança, etc. Dessa forma, é importante ressaltar que a intervenção precoce e o fortalecimento da rede de apoio (laços afetivos) e o acesso aos tratamentos de saúde mental são considerados fatores protetivos para o risco de suicídio. Sendo assim, promover e potencializar estratégias de saúde mental é fundamental.

O que posso fazer para auxiliar alguém que esteja apresentando alguns sinais de risco de suicídio? Se existe o mínimo de desconfiança, é importante que se fale abertamente com a pessoa em sofrimento, sempre priorizando um diálogo com muito respeito, empatia e compreensão, ouvindo o outro de forma aberta deixando-o confortável para expressar o que tem vontade. Cuidado com algumas expressões e frases de julgamento ou juízo de valores, como por exemplo: “Nossa, isso é loucura!”, “Você não pode falar essas coisas”, “Isso não é de Deus”, “Você tem tudo o que quer, não pode pensar sobre isso”, entre outras.  Além de ouvir, você precisa compreender o que a pessoa lhe transmite, para que assim possa se mostrar disponível para lhe ajudar a encontrar o suporte profissional adequado que irá acolher sua demanda emocional o mais breve possível.

O psicólogo é o profissional da saúde mental que poderá realizar intervenções direcionadas ao indivíduo, a família e a comunidade como um todo, para lhes ofertar atendimento psicológico individual e/ou em grupos de apoio, com isso, tendo papel fundamental em ações que promovam a informação sobre suicídio.

Referências:

GREFF, Aramita Prates et al. Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID-19: suicídio na pandemia COVID-19. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2020. 24 p. Cartilha.

ROCHA, Priscila Gomes; LIMA, Deyseane Maria Araújo. Suicídio: peculiaridades do luto das famílias sobreviventes e a atuação do psicólogo. Psicol. clin.,  Rio de Janeiro ,  v. 31, n. 2, p. 323-344, ago.  2019

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